Durante
anos se discute sobre degradação ambiental e pouco se faz para melhorar ou
amenizar esse problema, porém, com os avanços tecnológicos e a falta de
conscientização do próprio ser humano perante os recursos naturais que
acarretaram desequilíbrios e degradação ambiental, pode-se ver que a temática
começou a ganhar visibilidade e gerar interesse e ações benéficas quanto a
questão abordada.
Os fatores degradacionais que atingem a
região Semiárida, de acordo com meus estudos sobre a temática, devem-se à
vários fatores:
1. As práticas agrícolas ineficientes que retiram a
cobertura vegetal original do solo, deixando-o vulnerável aos processos
erosivos, muitas vezes acarretam na perda da fertilidade da terra. A
agricultura irrigada, realizada sem levar em conta as características físicas
da localidade, também pode acarretar sérios problemas, como salinização,
erosão, lixiviação. O uso de máquinas também pode interferir na boa conservação
do solo, pois poderá ocasionar processo de compactação.
2. No desmatamento, a retirada da cobertura original do solo
do bioma caatinga é um dos primeiros indicadores dos processos de degradação e
desertificação da região. Se a cobertura vegetal nativa é mantida, a
possibilidade de qualquer degradação é pequena, e a degradação por causa
antrópica é menor ainda. Portanto a desertificação tende a começar com o
desmatamento (SAMPAIO; ARAÚJO; SAMPAIO, 2005, p. 101).
É importante salientar que
muitas vezes, a retirada da vegetação da caatinga está relacionada a práticas agropecuárias familiar e industrial.
3. A boa fertilidade do solo é de fundamental importância
para o desenvolvimento sustentável da região, já que a extensão de terras
propícias ao cultivo é pequena, devido às próprias características físicas da
localidade e às suas limitações.
4. Pode-se dizer que a erosão é um dos problemas mais graves
na escala de degradação, porque geralmente provoca impactos irreversíveis ao
meio ambiente. Porém a erosão que ocorre na região semiárida muitas vezes pode
passar despercebida por não apresentar características alarmantes, mas possui
um potencial de degradação bastante significativo.
Referimo-nos as perdas
laminares de solos. A intensificação dessas perdas ao longo dos anos pode
acarretar impactos irreversíveis ao bioma caatinga.
5. A salinização tem contribuído bastante para o aumento da
degradação do semiárido. Em algumas áreas, são visíveis as manchas brancas na
superfície do solo. “A salinização é um processo que ocorre basicamente pelo
acúmulo de sais solúveis e/ou sódio trocável no complexo de troca do solo”
(SAMPAIO; ARAÚJO; SAMPAIO, 2005, p. 104).
6. A compactação dos solos é um dos grandes problemas da
pecuária desenvolvida nas regiões brasileiras. É ocasionado por práticas de
manejo inadequado dos rebanhos, principalmente na pecuária extensiva.
Segundo Sampaio, Araújo e Sampaio (2005, 107),
a compactação e o encrostamento têm sido sugeridos como indicadores de
desertificação ou de propensão a ela. Todavia a indisponibilidade de dados
sobre o Nordeste dos impactos dessa origem limita bastante os trabalhos de
pesquisa de várias instituições, principalmente para apurar-se a intensidade
deles. Os efeitos da compactação do solo, em geral, repercutem-se na queda da
produtividade de algumas culturas.
Apesar desses problemas, ações e esforços
vêm se intensificando para combater a desertificação e os demais processos de
degradação da biodiversidade do bioma caatinga. Entre os dias 23 e 15 de abril
de 2008, foi realizado na Fundação Joaquim Nabuco, em conjunto com o Conselho
Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga, o Seminário Nacional sobre Gestão Territorial
do Bioma Caatinga. Nesse evento, foram discutidas as principais ações que vêm sendo
realizadas para minimizar os problemas. Entre elas, as parcerias com órgãos governamentais
– Instituto de Meio Brasileiro Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
–, ONGs que trabalham com desenvolvimento sustentável no semiárido e pequenos agricultores
familiares.
Entre outras ações menores, a própria
população local do bioma, vem se preocupando com as agressões ambientais que
afetam diretamente não só o bioma mas também os seres humanos, e estão
diminuindo alguns dos fatores degradacionais com miniprojetos de
conscientização ambiental. É o caso da agroecologia. Atividades desse porte têm
motivado os agricultores familiares a investirem na sua qualificação para a
produção agroecológica. Nessa perspectiva, estão surgindo inúmeras experiências
de agricultura alternativa no Sertão que proporcionam uma relação mais equilibrada
do ser humano com o meio natural.
SAMPAIO,
Everaldo V.S.B.; ARAÚJO, Maria do Socorro B.; SAMPAIO, Yony S.B. Impactos
ambientais da agricultura no processo de desertificação no Nordeste do Brasil.
Revista de Geografia. Recife: UFPE – DCG/NAPA, v. 22, nº 1, jan/jun. 2005.
SEMARH
E IDEMA. Manual de Orientação ao Empreendedor – Licenciamento Ambiental –
Normas e procedimentos – Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos. (2006)
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